Festival ECDE - Diário de Bordo Nº 03

1º FESTIVAL ECDE DE MÚSICA (On line)

Diário de Bordo Nº 03 – Dia 18 de Abril de 2021

Domingo lento, preguiça no corpo e a expectativa do que teríamos para hoje, no 3º dia do Festival... Teremos surpresas? Teremos porradeira? Teremos mensagens de amor?

Então, sabe como é professor, né? Tem sempre uma lista de chamada para chamar de sua (risos). Intonsis, humbora!!!

- Dona Patroa! – Presente!

- TV ligada! – Presente!

- Computador liberado – Presente!

- Breja gelada! Presente!

- Tira gosto! Presente!

- Mau humor! Faltô, fessô!!! - Ufa! Inda bem, este não faz falta...

Tudo pronto, tudo liberado, vinhetinha já rolando, eis que surge o casal de apresentadores mais canhoto do planeta (o redondo, viu meu povo!?), TIA MIRIAM e TIO MAGRÃO, que na lata já nos conta que pode rolar uma surpresa por aí... Pois é companheirada, nada mais, nada menos que o papito Eduardo Suplicy, nos dará a honra da sua presença nesta noite, e mais, soltará a sua voz nos brindando de sabedoria e harmonia... Alvoroço geral!!! Eitcha!!! Começamos bem.

As atrações

O primeiro casal da noite já foi mostrando a que veio, com um vídeo completamente editado e descritivo, foi incluindo bem ligeiro a todos e todas DAS BANDAS DE LÁ e de cá, direto de Portugal. Num cenário bem particular e adequado Bia Cervellini começou uma valsinha despretensiosa, até que entra Karla Izidro com sua voz linda preenchendo todos os cantos da sala com as palavras bradadas com força e delicadeza para todas as bandas. E seguiram mandando muito bem até o final de sua participação com belas canções. E tudo isso com o aval de Frida Kahlo.

Na sequência, cheios de luz e musicalidade surge a rapaziada do ARC HUNTER, mandando uma balada romântica e dizendo para o mundo que “A vida se resume em amor”. O clima está esquentando, é muito amor no ar... Poderíamos, nós, os “esquerdopatas”, amar tanto assim? Na realidade, é isso que os inconsequentes da direita não entendem, é essa força que nos une, que nos mantém de braços dados e ninguém solta a mão de ninguém... Depois, dessa fizeram outras, cada uma melhor que a outra, até chutar o balde com a sua “Cidadão de bem”, que nos levou a um climério oitentista, onde haviam boas bandas do bom e velho rock ‘n roll nacional.

Depois deste excelente aquecimento, com os móveis da sala já afastados, foi a hora de quebrar tudo. Vou contar uma coisa procês, quando os bem-educados professores do Brasil, colocam a camisa preta, empunham seus instrumentos, fazem cara de mal e vomitam nossas verdades sem o menor pudor, a magia das palavras nos chega como um PUNHAL rasgando o peito e as entranhas, dando uma porrada na verdade mascarada dos hipócritas. Regressei ao tempo da minha juventude e com um mosh, saltei na confiança que nossos pares estão aí para nos segurar sempre que necessário. Sonzeira!!!

Continuando a diversidade musical do Festival, surge na tela Barbie e as Patricinhas!? Não! Josie e as Gatinhas!? Não! Quem, então seria? BIA ALCURE e os Gatinhos (Baby, Bunny e Zachary), o segundo casal da noite entra em ação com seus filhotes dando um show à parte durante o vídeo. Dona de um cancioneiro peculiar, a moça foi gritando lá dos esteites para o mundo inteiro ouvir, suas ironias e verdades. Muito legal a participação dela.

Surge em tela como a quinta atração da noite, o terceiro casal SAMBA PLUS SIZE. Confesso a vocês que fiquei impactado com o trabalho da dupla. As falas, as expressões, as confissões, as denúncias me comoveram profundamente, inda mais com as belas vozes sendo acompanhadas pelo gostoso timbre do cavaquinho que mandava vê na cadência do samba. A tapa na cara de tudo que impulsiona a pressão estética convencional!?!?!? (Opa! Como assim?), e, as fortes e necessárias palavras contra a gordofobia... Nos emocionou demais.

Por falar em emoção, todo o amor do mundo, estava no quarto casal a nos presentear com a sua arte, e como um trava-línguas nos surge com bom humor e criatividade o RALAFANA (diga essa palavra 05 vezes seguida, diga...). Sensacional! Com uma estética toda modificada já começaram mandando bem, abrindo às portas com o ritmo sagrado da umbanda. Em seguida, traçaram um paralelo geral onde a ousadia foi identificada como arma de se bem fazer arte. Ficamos encantados com Rafa Moura e Lana Scott, feras!

Porém, encantamento maior estava por vir, o papito mais famoso do Brasil, nos deu a honra da sua presença. Nossa tietagem foi geral, EDUARDO SUPLICY com sua gentileza costumas primeiro, ele declamou a poesia, em português, e em seguida mandou à capela, BLOWIN IN THE WIND de BOB DYLAN, o amor, novamente estava no ar, emocionante. Enquanto nós nos deliciávamos, impactados por tão importante presença, ele nos dá mais uma lição de unidade e cidadania em poucas palavras. Depois, também à capela, solta seu vozeirão, com EU SEI QUE VOU TE AMAR de TOM JOBIM e VINICIUS DE MORES, realmente uma noite mágica, onde o amor ultrapassa o limite da razão.

Bem! Emoção acalentada, fomos novamente pegar a breja na geladeira, pois quem vai chegar, é nada mais nada menos que o Presidente da Escola do Mundo ao Contrário, o grande bluesman (que nas horas vagas é, também, professor de história (risos)), DOUGLAS RESENDE, direto da República Soviética de Curitiba para o mundo com seus acordes geniais na guitarra, violão e guitarra box, dando vida ou uma nova roupagem para músicas latinas de expressão e magnitude. Um trabalho ímpar, digno de um talentoso músico antenado com a realidade de mundo que muito nos fala, que muito nos mostra. Show!

Para quem resistiu bravamente até o final, o quinto e último casal nos deu a tranquilidade de fim de noite, mesa de bar, som ao luar (Ô saudade!!!)... Opa! Mais uma gelada por favor! Agora é momento de paz, chegaram Dona Lívia Milena e Márcio Valverde para nos brindar com belas canções. E que repertório meus amigos, intimista e bem mesclado com músicas autorais e outras do cancioneiro da boa MPB, ao som do vilão bem tocado e com a bela voz da baiana de Santo Amaro da Purificação, encerramos uma noite rica e diversa, bem característica deste nosso evento.

Enfim, descansar um pouco que daqui a pouco tem mais.

Beijo no coração de todas e todos!

Me despeço por aqui, fazendo um convite a você que chegou ao final desta resenha: Se achegue, aprume uma gelada, uns tira pro bicho num pegá e assista o Festival ECDE... Garanto uma noite de rara beleza.

Inté!!!

Eduardo Proffa

Um Zélemento apreciador da boa arte!