‘Hijab’, a vestimenta que silencia nossas irmãs no Afeganistão
- Kátia Figueira de Oliveira
- 24 de ago. de 2021
- 4 min de leitura
As vozes silenciadas por um véu.
Quando uma vestimenta tira a paz de nossas irmãs é sinal que ela não é apenas uma parte do seu vestuário, mas se tornou uma ferramenta de submissão.

Com a volta do Talibã ao poder no Afeganistão, mais de 19 milhões de mulheres se viram novamente ameaçadas.
Quando eles governaram o país entre 1996 e 2001, as principais vítimas do grupo extremista foram as mulheres. Elas perderam seus direitos, foram cerceadas de sua liberdade, silenciadas e até mortas em nome de um fanatismo religioso dominado por machistas violentos.
As mulheres não tinham permissão para sair as ruas sozinhas, fazer compras e frequentar escolas. Estupros eram usados como arma de guerra.
A história da ativista Malala, baleada na cabeça em 2012 por talibãs quando saia da escola aos 15 anos ganhou o mundo e mostrou o radicalismo violento do grupo em relação às mulheres.
Vivendo na Inglaterra, Malala foi a voz de milhões de mulheres que estavam silenciadas e relatou o terror sofrido por elas no Paquistão, que também era dominado pelo grupo Talibã.
Com a queda do Talibã em 2001, a vida das mulheres no Afeganistão melhorou muito, mas ainda estavam longe de se sentirem realmente seguras.
Mesmo assim, passaram a ocupar cargos de poder, retornaram aos estudos, e terem alguns direitos antes abolidos.
A Constituição afegã de 2004 afirma que “os cidadãos do Afeganistão, homens e mulheres, têm direitos e deveres iguais perante a lei”. Enquanto isso, uma lei de 2009 foi introduzida para proteger as mulheres do casamento forçado ou quando ainda menores de idade, e também da violência doméstica.
Embora tenha conseguindo alguns avanços, um relatório da Unicef apontou que 60% das crianças fora da escola eram do sexo feminino.
Com a retomada do poder no Afeganistão este ano (2021), 20 anos depois, pelo grupo extremista Talibã, as mulheres entraram em pânico no país.
Temendo por suas vidas, passaram a usar burca, uma espécie de vestimenta que cobre o corpo todo. Também evitaram sair de suas casas. Muitas conseguiram fugir do país diante do terror que invadiu o país, mas as mulheres que não conseguiram sair do Afeganistão estão em pânico.
O caos se instalou novamente no Afeganistão com a presença dos Talibãs.
A grafiteira afegã Shamsia Hassani usa seu instagram para relatar o sofrimento para as mulheres com a volta do grupo radical ao poder

"Quando o Talibã avançava sobre as províncias, nós escutamos que forçaram garotas a se casarem com os mujahedine (combatentes islâmicos). Soubemos que estupraram algumas meninas. Nas reuniões de garotas, escutei uma frase em comum. Todas as garotas educadas querem cometer suicídio. ‘Se o Talibã me estuprar, é melhor eu morrer’, disseram. É devastador. Para ser honesta, pensei em suicídio. Com o Talibã, retrocederemos várias décadas.
O uso do nigab/ véu islâmico passou a ser obrigatório. Não é apenas uma peça de roupa, é uma mordaça silenciosa que impede que as mulheres mostrem seu rosto ao mundo, tipo a vestimenta vermelha do "Conto da Aia".
Qualquer semelhança não é coincidência. ( O uso da religião para dominar as mulheres é relatado em várias passagens históricas no mundo todo).
Essas vestimentas são usadas para justificar o controle do corpo das mulheres pelos homens machistas e preconceituosos em nome do Islã.
Assim como no Brasil, justifica-se o estupro e a violência contra as mulheres pelo uso de suas roupas, no Afeganistão, o Talibã usa a burca e o Nigab como ferramentas de controle social.
Segundo o relato de um militante do grupo feito a uma jornalista da CNN, o Nigab é obrigatório:
“As mulheres podem continuar com a vida delas, e não vamos dizer nada para elas. Elas podem ir a escola, podem continuar com a sua educação, mas vão usar o niqab islâmico (tipo de véu), cobrindo o rosto”, disse o militante.
Questionado sobre o motivo pelo qual as mulheres devem cobrir o rosto, ele disse: “Porque está em nosso islã”.
Embora o Hijab seja uma vestimenta típica dos países mulçumanos, é a burca a roupa que representa o extremismo do Talibã.
Entendendo as diferenças entre Hijab, Nigab e Burca
1. Hijab
O hijab é a vestimenta majoritária das mulheres muçulmanas ao redor do mundo. Em praticamente todos os países você encontrará uma seguidora do islã usando esse tipo.
Ele consiste basicamente em um véu que se coloca ao redor da cabeça, cobrindo orelhas, pescoço, e o cabelo, e pode ser enrolado da forma que a mulher preferir.

2. Niqab
O niqab também é um véu, entretanto, seu uso é feito de uma forma diferente, cobrindo além das partes convencionais, e deixando apenas os olhos à mostra. Costuma ser usado com outra vestimenta de corpo inteiro, quase como um pano que fica sobre a roupa de baixo.

3. Burca
A burca é uma vestimenta específica, que cobre todo o corpo, desde a cabeça até os pés, tendo uma tela entre os olhos para permitir a visão, mas ainda sim escondê-la. Essa veste é muito particular: ela é o símbolo do regime Talibã.

A questão não é que o uso da roupa, mas o que ele representa na vida destas mulheres!
Vamos nos unir e emanar forças para que elas se sintam abraçadas e protegidas diante dessa ameaça em forma de religião!
Texto: Kátia Figueira de Oliveira
Redatora
Produtora de Conteúdo
Gestora de Mídias
Fonte: CNN
Fonte: Aventuras na História
Arte: Aline Corteletti
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