Quem ganha com a privatização dos Correios?
- Kátia Figueira de Oliveira
- 6 de ago. de 2021
- 3 min de leitura
Podemos não ter percebido, mas a Empresa de Correios e Telégrafos (ECT) já vem sendo alvo de uma privatização lenta e ardilosa ao longo dos últimos anos. Com a saída da ex-presidenta Dilma do poder, a estatal passou a ser a mina de ouro dos golpistas.

Quem aqui não lembra da PLS 555, que era, na verdade, o Estatuto da Desestatização, pois determinava que as empresas públicas seriam constituídas sob a forma de S.A. (Sociedade Anônima), permitindo a participação do capital privado. Correios, Caixa Econômica e BNDES passaram a entrar na lista da privatização.
Quando Temer assumiu o poder, ele tentou acelerar o processo de privatização dos Correios, e fez isso fatiando a empresa internamente, adotando o modelo de agências franqueadas. Em vez de investir na própria empresa, o Correios passou a fechar as agências locais e no lugar abrir as agências franqueadas.
A maior parte dessas agências franqueadas pertenciam a políticos ligados ao MDB, partido de Temer.
Com essa manobra, essas agências empregavam pessoas ligadas aos grupos políticos, sem concursos, muitas delas terceirizadas, precarizando o serviço ofertado ao púbico.
Mas a "parte nobre" dos Correios, aquela que fez crescer o olho dos abutres capitalistas se relaciona com as encomendas. Sobre esse setor pairam monopólios como a Fedex e a DHL, empresas americanas que dominam o mercado de entregas de encomendas.
Seguindo a linha do seu antecessor, Bolsonaro viu na privatização uma "mina de ouro".
Aproveitando o velho discurso da crise econômica e tentando abafar os escândalos de seu governo, que não são poucos, diga-se de passagem, como a CPI da Covid, ele e seu "Chicago Boy" de estimação, o superministro Paulo Guedes, arquitetaram a venda da nossa estatal e assim leiloar o Correios rapidamente, antes que seu mandato acabe.
Para Bolsonaro pouco importa o real valor dos Correios para o Brasil. Ele não se interessa em saber, por exemplo, que a função da estatal vai além de entregar cartas e produtos. O lado logístico da empresa, em integrar todos os municípios numa grande rede de circulação é o que faz dos Correios, uma empresa líder neste segmento.
Já pensaram como é feita a distribuição dos livros e materiais didáticos em todo o território brasileiro? E a logística das urnas eletrônicas, ou do material do ENEM? Tudo isso é trabalho dos Correios.

A empresa está presente em todas as grandes ações de distribuição no país, e embora haja licitação para algumas dessas tarefas, poucas empresas tem a experiência e o alcance que o Correios oferece.
A PL n.º 591/21 nem deveria ter ido para a votação na Câmara, pois esbarra em dispositivos inconstitucionais, como a alteração do serviço postal para atividade econômica e não mais como serviço público. Mas isso é assunto para os juristas abrangerem com mais conhecimento do que eu, mera cidadã.
O fato é que o Correios não é apenas a maior empresa de transporte e logística do país, ela representa um importante serviço para o povo brasileiro, gerando economia para milhões de brasileiros com uma das menores tarifas postais do mundo.
Respondendo à pergunta do título desta matéria, quem ganha com a privatização dos Correios não é o povo brasileiro, que sofrerá com o aumento de tarifas no simples envio de uma correspondência, como aconteceu com a Eletrobras, que o discurso de energia barata era apenas propaganda enganosa de um governo que trabalha para o Capital.
Algumas ressalvas sobre a questão econômica dos Correios:
Segundo o último Boletim das Participações Societárias da União, com dados de 2018, os Correios tiveram o terceiro melhor desempenho em retorno sobre o patrimônio líquido (69,5%), à frente da Caixa (37%), do Banco do Brasil (18,1%), do BNDES (16,9%), da Eletrobras (15,1%) e da Petrobras (13,6%).
O Correios não depende de dinheiro público para se manter. Ele é lucrativo. Só em 2020, ele registrou lucro líquido de 1,53 bilhão de reais.
Agora vocês entendem a pressão do mercado para que, esta privatização ocorra o quanto antes?
O papel social que o CORREIOS tem é muito maior do que vocês possam imaginar.
Fonte: Correios
Texto: Kátia Figueira de Oliveira
Produtora de Conteúdo
Comunicóloga
Redatora
Produtora de Eventos
Gestora de Mídias Sociais
Estrategista e Coordenadora de Campanhas Políticas e Sindicais
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